domingo, 2 de novembro de 2008

"Quem ama não dorme", Robert Schneider.

Eis a história do músico Johannes Elias Alder que aos vinte e dois anos de idade pôs termo à vida após tomar a decisão de nunca mais dormir.

Este é o primeiro parágrafo deste livro que conta uma estranha forma de vida e de amar. É uma história de acreditar mas também de desistir. Ao longo deste livro seguimos os passos de Johanes Elias Alder que nasceu diferente, com uns olhos amarelos reluzentes que assustavam a população da aldeia que viam nele um qualquer personagem maléfico.

Não havia como escapar,o destino de Elias estava traçado desde o momento em que os seus olhos amarelos viram o mundo.
Mas a vida trouxe a Elias um talento escondido que se foi revelando nas entradas escondidas na Igreja da aldeia para conhecer órgão, para o sentir nas pontas dos seus dedos, para o tocar como ninguém.É quase uma tentativa de contrariar um destino que se sabe já traçado….
A viagem para a cidade, as provas de música prestadas sob o olhar invejoso dos colegas, com a atenção desdenhosa dos professores. Quase como, por mais que fizesse, por mais que tentasse o seu destino fosse tão certo como o amor que sentia por Elsbeth. Quando tocava, era nela que

Ele olhou-a, os olhos escapando-se para os lábios secos e mais abaixo, o corpete atado em cruz sob o qual se desenhavam os pequenos seios. Elias envergonhou-se da impudícia do seu olhar e queria fechar os olhos que porém não lhe obedeciam. Ao contemplar as mão pálidas da rapariga que repousavam impacientes no regaço, o olhar deslizou mais abaixo, para o joelho nu que a bainha da saia aberta mostrava:Queria ele ser um bom e honesto marido para elsbeth!
E se Deus e os santos lhe dessem força para tal não a cobiçaria enquanto vivesse. Queria mostrar-lhe que o verdadeiro amor não busca a carne mas entrega-se totalmente ao espírito.

Mas nenhum destes sonhos de Elias se tornou realidade e assim tomou a decisão de não mais fechar os olhos, como se acreditasse que assim conseguiria fugir do seu destino.

Este foi o primeiro romance deste escritor austríaco que foi unanimemente apreciado pela crítica literária.

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