domingo, 26 de abril de 2009

Tigre por um dia, Anne Haverty,



Tigre por um dia é uma viagem pelo estranho mundo de Martin Hawkins, um jovem professor com um promissor futuro pela frente que depois da morte dos pais resolve voltar à aldeia Natal para viver com o irmão Pierce e com a cunhada Etti.

Pela mão da autora Anne Haverty o personagem central desta história vai regressar a casa para descobrir e redescobrir novos sentimentos novas sensações diria mesmo que novos mundos dentro daquele em que estava habituado a viver. Esta história quase banal do reencontro de Martin consigo mesmo ganha uma característica verdadeiramente surreal com o aparecimento de Missy.

Foi então enquanto esperava que Pierce fizesse a sua escolha olhando em redor com renovada atenção que os meus olhos encontraram os de Missy. Ainda não era Missy para mim mas sê-lo-ia muito em breve quando eu lhe desse esse nome inspirado por uma qualquer absurda mas comovente qualidade de orgulho e altivez na sua pose.
Tinha os olhos cravados em mim, brilhantes e insondáveis mas com uma expressão cheia de esperança. É certo que era o mais miserável exemplar de ovelha que se possa imaginar. Escanzelada como se a mãe tivesse sido seca como um osso, com uma orelha descaída e um estranho tom de azul nos olhos...

É uma história quase absurda esta de alguém adoptar uma ovelha mas é também o ponto de partida para uma narrativa que absorve a atenção do leitor a cada linha, a cada página que passa.

domingo, 19 de abril de 2009

Firmin, Sam Savage

Dê largas à imaginação, abra a porta à criatividade. Apresento-lhe: Firmin, uma ratazana que nasceu na nos arredores da Pembroke Books, uma livraria em Boston, onde aprendeu a ler devorando (literalmente) as páginas de um livro. Mas como o próprio Firmin diz "uma ratazana culta é uma ratazana solitária"...

Ostracizado pelos irmãos que o consideram o mais fraco da prole, Firmin não encontra conforto na figura maternal - uma alcoólica que raramente consegue alimentar os seus filhos - e quando esta desaparece Firmin não encontra outra solução do que que procurar o seu rumo encontrando assim a Pembroke Books e descobrindo a sua paixão pelos livros e a amizade (unilateral) pelo dono da livraria Norman.
À medida que Firmin desenvolve uma fome insaciável pelos livros, a sua emoção e os seus medos tornam- se humanos. É uma alma delicada presa num corpo de ratazana e essa é a sua tragédia.

Num estilo ora sarcástico ora enternecedor, Firmin é um livro que cativa do princípio ao fim e que transporta o leitor numa viagem pela condição humana com todas as suas características. Firmin é divertido e trágico, como diz o autor, "como todos nós".

domingo, 12 de abril de 2009

"Os Sonhos de um Truficultor", Gustaf Sobin

Esta é uma história de amor diferente das convencionais: não é um amor idílico, não tem um final feliz. A história de Phillipe e Julieta começa quase timidamente, professor e aluna, apaixonam-se e vivem felizes na Provença até ao momento em que tudo parece desmoronar-se.
O desgosto de uma gravidez que não consegue levar até ao fim transporta Julieta para um mundo quase abstracto
onde os sentimentos são ténues, onde a vida e o amor deixam de ter importância…
Dessa espécie de morte até à morte física, a distância é curta e é esse o momento de mudança na vida de Phillipe. Essa perda dolorosa da sua amada faz com que procure a sua presença, o seu toque, o seu calor, nas trufas que colhe durante o Inverno.

Nesse Inverno, três anos após a morte de Julieta, Philippe Cabassac passou longos períodos estivais com a sua amada.
Em sonhos sucessivos encontravam-se, abraçavam-se e, conversando animadamente passavam horas por vezes dias na companhia um do outro. Mesmo quando os sonhos duravam apenas na realidade uma questão de minutos pareciam suspensos num esquemas temporal inteiramente seu.
Em sequências prolongadas os sonhos continuavam sem cessar como que imersos num mundo elástico como o mel transparente como o âmbar.

Mas este regresso de Julieta apenas acontece no imaginário dos seus sonhos e essa tomada de conhecimento, essa percepção, poderá também ser um choque para Phillipe.

domingo, 5 de abril de 2009

As Terças com Morrie, Mitch Albom

Esta é uma história real, um livro que marcou não apenas as vidas dos seus intervenientes mas que acaba por marcar também a visão sobre a vida dos próprios leitores.

Mitch foi aluno de Morrie e sempre quis voltar a vê-lo mas acabou por ir deixando sempre para depois, com as usuais desculpas da falta de tempo até que um dia vê uma notícia a dar conta de uma grave e incurável doença de Morrie. A partir daí e durante 14 Terças-feiras vão encontrar-se e manter conversas sobre os mais diversos temas como morte, família, emoções, entre outros.

- Comecemos com esta ideia. - disse Morrie - Toda a gente sabe que vai morrer mas ninguém acredita nisso. Estava com disposição de negociante, nesta terça-feira. O tema era a morte, o primeiro assunto da minha lista. Antes de eu chegar Morrie tinha escrevinhado algumas notas em pequenos papéis brancos para não se esquecer. A sua caligrafia trémula era agora indecifrável para outra pessoa que não ele.

Este não é um daqueles livros que lemos e em que vamos imaginando os vários possíveis fins escolhidos pelo autor. Aqui, a única coisa certa é o fim do livro. A morte. Por isso a sugestão que deixo ao leitor é de que aproveite o princípio e o meio e aprenda com a experiência de quem viveu uma vida tão repleta como a de Morrie Schwartz.

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