domingo, 28 de dezembro de 2008

"A história do rei transparente", Rosa Montero

Num tumultuoso século XII, Leola, uma jovem camponesa adolescente, despe um guerreiro morto no campo de batalha para, com as suas roupas poder proteger-se dos abusos infligidos às mulheres. Assim começa o relato da sua vida, a partir daí como Leo, um guerreiro que irá conhecer pelo caminho a feiticeira Nyneve com quem vai percorrer o difícil trajecto que a vida lhe destinou.

Depois de ter perdido o pai, o irmão e Jaques, o noivo com quem sonhava passar o resto da sua vida, Leona, sob o disfarce viril de Leo vai aprender a dificil arte de combater, necessária à sua sobrevivência. 

Este é um livro que comprova a imaginação fértil da consagrada escritora espanhola Rosa Montero, autora de diversos livros como O Coração do Tártaro, Histórias de Mulheres ou A Louca da Casa.

domingo, 21 de dezembro de 2008

"As mulheres que há em mim", Maria de la Pau Janer

Esta é uma história de histórias. Através do relato de Carlota vamos revivendo as vidas da sua mãe Elisa e da sua Avó, Sofia, ambas mortas aos 20 anos. O receio de que o mesmo possa acontecer-lhe misturado com a curiosidade para descobrir mais sobre a vida da sua família e das suas mãe e avó, vão conduzir Carlota ao longo desta história.

Naquela casa habitavam os fantasmas da minha mãe e da minha avó. Soube-o desde criança quando ainda andava rente aos móveis, olhando para estes como as pessoas crescidas para as montanhas recortadas no céu. Tinha de levantar a cabeça e pôr-me em bicos dos pés para ver as cadeiras de balanço de madeira, as mesas de cerejeira, as cadeiras de veludo, as camas de dossel.

É uma viagem através de três gerações de mulheres onde vamos desvendando mistérios e descobrindo a importância de determinados detalhes. 

O meu avô tinha os ossos e o coração de cristal. Os ossos anunciavam-lhe o mau tempo, quando ia haver vento e chuva. O coração andava calado há anos, receoso de quebrar-se a qualquer momento. Adivinhei-o observando aqueles gestos de homem medroso que sabe bem até que ponto a vida dói.


domingo, 14 de dezembro de 2008

Fahrenheit 451, Ray Bradbury

Este é um livro sobre livros mas num tempo que não é o que nós conhecemos. Catalogado com o género de ficção científica, este livro de Ray Bradbury conta uma história sobre um sistema simples numa época em que os livros tinham sido banidos por "conspurcarem" a mente das pessoas. Então temos uma sociedade que desconhece a sua existência e que vive a obrigação de queimar os livros que eventualmente encontre juntamente com as casas que os abriguem.

Era um prazer queimar.
Era um prazer especial ver as coisas devoradas, ver as coisas enegrecidas e alteradas. Com o bico de bronze nas mãos fechadas, com esta grande píton a cuspir o querosene venenoso sobre o mundo, o sangue latejava na sua cabeça e as mãos eram as mãos de um extraordinário regente a conduzir todas as sinfonias ardentes para fazer caír os farrapos e as ruínas de lenha da história.

Neste livro os bombeiros não são os que lutam contra o fogo mas os que o instigam para queimar os livros. Assim vamos seguindo os passos do bombeiro Montag que conhece uma rapariga que questiona o que até então lhe parecia inquestonável. Ela desaparece mas é assim que vai conhecer Faber que vai contar-lhe como recorda algumas passagens que memorizou de livros que um dia leu.

Temos tudo para ser felizes, mas não somos felizes. Falta qualquer coisa. Olhei à minha volta. A única coisa que percebi que tinha desaparecido eram os livros que queimara durante dez ou doze anos. Por isso pensei que os livros pudessem ajudar.

domingo, 7 de dezembro de 2008

"Don Juan", Gonzallo Torrente Ballester

Muito se escreveu sobre o mítico personagem de Don Juan mas a visão aqui dada pelo escritor espanho Gonzalo Torrente Ballester, está longe daquela que lemos nas histórias de encantar.
Aqui, Don Juan continua a ser seguido pelo seu fiel criado Leporello e continua a sair da sua terra sempre querida, Sevilha. Mas este Don Juan não seduz por vontade mas por obrigação. Cansado esta vida que o obriga a estar permanentemente alerta, envergando uma capa que considera ser demasiado pesada, Don Juan quer passar o legado mas não consegue. Este Don Juan está dividido, entre Deus e o diabo.
Esta a sugestão de hoje deste autor, mas penso que os leitores não darão por perdido o tempo de leitura de qualquer outro livro de Ballester como Os Anos Indecisos ou A Bela Adormecida vai à Escola.

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