sábado, 23 de agosto de 2008

"Oceano mar", Alessandro Baricco


Alessandro Baricco ficou conhecido pelo seu pequeno romance Seda que em breve vai estar nos cinemas. Mas para além deste livro há muitos outros que marcam a sua carreira como escritor: City, Castelos de Raiva, Oceano Mar e mais recentemente Esta História, são apenas alguns.
Escolhi o Oceano Mar por ser um dos menos conhecidos e porque é um livro que conta tantas histórias diferentes levando-nos a viajar através das mais ímpares personagens. Precisamente por isso não é um livro tão fácil de ler: exige de nós leitores uma entrega à imaginação e ao mundo aqui criado por Baricco. Um mundo onde o mar é o princípio e o fim de tudo.

Mesmo que vivesse mais mil anos, amor seria o nome do peso leve de Thérese nos meus braços antes de deslizar para as ondas. E destino seria o nome deste oceano mar, infinito e lindo.

São tantas histórias dentro de um só livro, personagens que se desdobram e se descobrem, que ora se escondem, ora se descobrem.
Bartleboom, o professor que escreve cartas de amor à mulher da sua vida, que ainda não encontrou;
Plasson, o pintor que procura o início do mar;
Elisewin a pobre menina rica que, doente, sai do castelo para conhecer o poder do oceano;
Adams, o náufrago, jardineiro, preso em si mesmo e nas suas memórias;
E ainda tantos outros que procuram sempre o seu caminho, um caminho que nem sempre se escreve da forma esperada.

Queria salvar-me, isso, salvar-me. Mas percebi tarde demais para que lado era preciso ir. Para o lado dos desejos...Esperamos que sejam outras as coisas que nos salvam, o dever, a honestidade, sermos bons, sermos justos. Nada disso, são os desejos que nos salvam. São a única coisa verdadeira, estando com eles salva-mo-nos.
Se lhe dermos tempo a vida dá umas voltas estranhas, inexoráveis. Então apercebe-mo-nos de ter chegado a um ponto tal que já não podemos desejar algo sem nos magoarmos.

Apesar das personagens atípicas, os temas são aqueles que preenchem o nosso quotidiano. Medos e receios, expectativas, alegrias, incertezas e uma fé inabalável no destino.

Sensação maravilhosa de quando o destino finalmente se abre e se torna caminho distinto, e pegada inequívoca, e direcção certa. O tempo interminável da aproximação, aquele avizinhar-se, o desejo seria que nunca acabasse.
O gesto de se entregar ao destino, isso é uma emoção. Sem mais dilemas, sem mais mentiras. Saber onde e alcançá-lo, qualquer que seja o destino.

4 comentários:

Anónimo disse...

Já li o "Seda" deste autor e agora acho que vou experimentar este. obrigada pela sugestão!
Marta Costa

Anónimo disse...

Parabéns pelo programa e pela ideia do blog

Anónimo disse...

Carissímos... a obra cinematográfica baseado no romance Seda, já estrou (não no Funchal, para demonstrar a qualidade duvidosa de alguns filmes que passam nos cinemas desta cidade em detrimento de outros) em 2005 ou 2006, já estando disponivél em dvd.
Obrigado

PL disse...

Alessandro Baricco é um escritor que surpreende a cada livro por isso, é sempre uma aventura lê-lo,
Erro meu na referência cinematográfica. De facto o filme já saiu mas eu não dei por isso. De qualquer forma, obrigada pela chamada de atenção!

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