domingo, 15 de março de 2009

"O Verão Selvagem dos Teus Olhos", Ana Teresa Pereira

Esta semana falamos de um livro de uma escritora madeirense, Ana Teresa Pereira. São muitos os motivos que nos levam a escolher um livro em detrimento do outro: a disposição no momento da escolha, a capa do livro, a sugestão de alguém, a sinopse apelativa ou o título, entre tantos outros motivos possíveis. Neste caso a minha escolha foi para o título que depois vim a saber, é um verso de W.B. Yeats. Já tinha na minha estante um outro livro desta escritora mas quando vi este na livraria não resisti.

Este é um romance com uma tónica de policial. Como se desde o início, desde o momento em que somos apresentados à personagem central, apesar de lermos passagens românticas, descrições de encontros e perfeição aparente, houvesse algo que não nos deixasse acreditar.

Às vezes acho que me limitei a reproduzir, numa escala maior, o que me encantava na casa onde nasci. Havia um jardim de rosas quase esquecido, os arcos tinham falhas e as flores dos canteiros mal sobreviviam entre as ervas. Mas as rosas trepadeiras invadiam tudo, com flores e espinhos, e eu gostava de sentar-me lá, nas tardes de Verão, a folhear os meus livros de botânica. Uma espécie de jardim de conto de fadas, abandonado ao sol à chuva...

Com uma escrita fluída e cativante, Ana Teresa Pereira cativa o leitor tornando-o solidário com a angústia da personagem central.

E pergunto a mim mesma se a eternidade será isto, recordar uma e outra vez, um vestido, um beijo, um dia de Outono, a primeira neve, os meus cães. As coisas essenciais. O nome das rosas e as frases dos livros, o tempo em que alguém nos amou, o jardim que fizemos com as nossas mãos. Estão a preparar o baile. Já passou um ano e estão a preparar o baile de máscaras, como se nada tivesse acontecido. Como se a dona da casa não tivesse morrido.É Danny que organiza tudo, e parece fazê-lo com uma alegria quase selvagem. A princípio achei estranho, porque ela sente a minha falta mais do que ninguém. Eu estava na galeria quando ela levou a rapariga a ver o retrato de Caroline. E então percebi que tinha um plano.

Sem comentários:

Arquivo do blogue