Mesmo as personagens mais cépticas quanto ao poder das feitiçarias, mezinhas e poções, acabam por se tornar mais crentes face às vicissitudes da vida, que não conseguem ultrapassar com um pensamento ou acções racionais próprio das sociedades modernas.
Recordo-me de Fattouma, uma mulher de Tafilelet de pele quase preta. Ela chorava porque, no intuito de impedir que o seu marido se encontrasse com outras mulheres, tinha-se enganado na poção e tornou-o impotente. Uma outra mulher, enlouqueceu o marido e não conseguia encontrar o charlatão que lhe tinha dado as ervas para o marido tomar. Concluí que aquelas que não dizem nada, são aquelas que enganam os maridos e multiplicam os amantes. Aquelas que não ousam pisar o risco da traição choram, queixam-se e tornam-se patéticas.
Numa edição da Cavalo de Ferro estes contos lêem-se de um só fôlego, enquanto devoramos a essência dos personagens aqui recriados com a mestria de Tahar Ben Jelloun.
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